Era  uma tarde de domingo e o parque estava repleto de pessoas que aproveitavam o dia  ensolarado para passear e levar seus filhos para brincar.
O  vendedor de balões havia chegado cedo, aproveitando a clientela infantil para  oferecer seu produto e defender o pão de cada dia.
Como  bom comerciante, chamava atenção da garotada soltando balões para que se  elevassem no ar, anunciando que o produto estava à venda.
Não  muito longe do carrinho, um garoto negro observava com atenção. Acompanhou um  balão vermelho soltar-se das mãos do vendedor e elevar-se lentamente pelos  ares.
Alguns  minutos depois, um azul, logo mais um amarelo, e finalmente um balão de cor  branca.
Intrigado,  o menino notou que havia um balão de cor preta que o vendedor não  soltava.
Aproximou-se  meio sem jeito e perguntou:
Moço,  se o senhor soltasse o balão preto, ele subiria tanto quanto os  outros?
O  vendedor sorriu, como quem compreendia a preocupação do garoto, arrebentou a  linha que prendia o balão preto e, enquanto ele se elevava no ar,  disse-lhe:
Não  é a cor, filho, é o que está dentro dele que o faz subir.
O  menino deu um sorriso de satisfação, agradeceu ao vendedor e saiu saltitando,  para confundir-se com a garotada que coloria o parque naquela tarde  ensolarada.
*   *   *
O  preconceito é uma praga que se alastra nas sociedades e vai deixando um rastro  de prejuízos, tanto físicos como morais.
O  preconceito de raça tem feito suas vítimas, ao longo da História da  Humanidade.
Mas  não é somente o preconceito racial que tem sido causa de infelicidade. Esse  malfeitor também aparece disfarçado sob outras formas para ferir e  infelicitar.
Por  vezes, surge como defensor da religião, espalhando a discórdia e a maldade, o  sectarismo e os ódios sem precedentes.
Outras  vezes apresenta-se em nome da preservação da raça, gerando abismos  intransponíveis entre os filhos de Deus.
Também  costuma travestir-se de muro entre as classes sociais, fortalecendo o egoísmo, o  orgulho, a inveja e o despeito.
Podemos  percebê-lo, ainda, agindo como barreira entre a inteligência e a ignorância,  disfarçado de sabedoria, impedindo que o mais esclarecido estenda a mão ao menos  instruído.
O  preconceito também costuma aparecer travestido de patriotismo, criando a falsa  expectativa de supremacia nas mentes contaminadas pela soberba.
Ele  também pode ser percebido com aparência de idealismo político, explorando mentes  juvenis inexperientes e sonhadoras, que são usadas como massa de  manobra.
Como  se pode perceber, o preconceito é um inimigo público que deveria ser combatido  como se combate uma epidemia.
Essa  chaga social tem emperrado as rodas do progresso e da paz.
Por  essa razão, vale empreender esforços para detectar sua ação, sob disfarces  variados, e impedir sua investida infeliz.
Começando  por nós mesmos, vamos fazer uma autoanálise para verificar se o preconceito não  está instalado em nosso modo de ver, de sentir, comandando nossas atitudes  diárias.
Depois,  extirpar de vez por todas esse mal que teima em nos impedir de viver a  solidariedade e a fraternidade sem limites, como propôs o Mestre de  Nazaré.
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A  fraternidade é a chave que rompe as amarras que nos retém nas baixadas, quais  balões cativos, e nos permite ganhar as alturas, elevando-nos acima das misérias  humanas.
Para  isso, lembremo-nos do vendedor de balões e ouçamos a sábia advertência da nossa  própria consciência:
Não  é a cor, nem a raça, nem a posição social, nem a religião, nem as aparências  externas, filho, é o que está dentro de você que o faz subir.
Pense  nisso!
Redação do Momento  Espírita com base no conto, O vendedor de  balões, do livro As 100 mais belas  parábolas de todo os tempos, de Alexandre  Rangel, ed. Leitura.
Em  25.04.2011.
 
 
 
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